The Re-Invention Tour - por André R. Costa



Madonna prometeu não voltar a ignorar o palco por tantos anos como anteriormente, e cumpriu.
Três anos volvidos desde o Drowned World Tour, Madonna lança em 2004 uma nova tournée mundial: a Re-Invention Tour; primeira tour a passar por Portugal.
Apesar do seu último álbum American Life, não ter tido o efeito de vendas esperado, muito em parte devido à “má publicidade” passada com o polémico vídeo do single American Life, e da subsequente crítica à guerra do Iraque, Madonna decide mesmo assim lançar uma tournée, baseada sobretudo na reinvenção sonora, cénica e coreográfica das suas músicas mais conhecidas e amadas pelo público; não descorando no entanto, as novas bombas de American Life.

Sempre influenciada pela sua amada Khabalah, Madonna adopta o logótipo do seu tour a referências simbólicas do movimento, adoptando para o efeito 13 esferas, representantes da perfeição.
Madonna, surge animada, comunicativa, com óptima disposição, contrariando as lembranças da Madonna cansada do Drowned World Tour. A Re-Invention Tour, é uma tournée muito bem construída, com óptimas representações cénicas, misturando circo, drama, guerra, espiritualidade, aliada a uma reinvenção excelente dos seus antigos êxitos, não descurando nunca toda a tecnologia utilizada em palco: plataformas elevatórias, circulares, tapete, ecrãs gigantes e até um catwalk que surge do tecto. Pela primeira vez, a área VIP estava integrada no próprio palco, os fãs sortudos podiam assim viver com toda a proximidade o desenrolar do concerto.



Datas:
A Re-invention Tour, sexta tour de Madonna inicia-se a 24 Maio de 2004 em Los Angeles e acabaria 6 meses depois a 14 de Setembro em Lisboa. A Re-invention tour passa somente por dois continentes: América do Norte e Europa, fazendo um total de 56 espectáculos, divididos por 7 países: EUA, Canadá, Reino-Unido, Irlanda, França, Holanda e Portugal.

SetList/Show
Sendo uma tournée que pretende reinventar velhos temas, será natural que o espectáculo esteja assente em velhos sucessos da Rainha da Pop. Serão assim 24 temas, divididos em cinco grandes partes: Baroque Marie-Antoinette; Militar/Guerra; Circo-Cabaret; Acústico e finalmente Scottisth-Tribal, adaptando para cada tema, um guarda-roupa diferente, à luz do que já fez anteriormente n’outras tournées.


O show inicia-se uma forma intrigante, com "The Beast Within", projectando imagens de Madonna inspirada pelo seu Extatic Process, recitando o Livro Das Revelações. Desta primeira parte destacam-se sobretudo “Vogue”, onde Madonna surge triunfal do palco sob uma plataforma giratória, vestida à la Marie Antoinette (inspirada sem dúvida da sua prestação nos MTV Musica Awards), assim como todo os bailarinos, também eles inspirados pelas vestes francesas da época. Segue o electrizante “Nobody Knows Me”, acabando esta primeira parte com o sempre fantástico “Frozen”, onde são projectadas nos ecrãs imagens de um homem e mulher nus, acariciando-se mutuamente na água, misturada com várias sombras e movimentos.



Surge a parte Militar/Guerra (directamente inspirada de American LIfe, ouvindo-se nim primeiro tempo sons de helicópteros, sendo logo de seguida, o palco invadido por militares (bailarinos, claros) esperando o aparecimento de Madonna, no cimo de dezenas de televisões sem sinal. Começa “American Life”, espelho de destruição, morte espelhada nos ecrãs gigantes, ao mesmo tempo que critica violentamente vários sectores americanos devido á sua passividade face ao acontecimento: políticos, homens da religião, e os próprios cidadãos. Durante esta prestação surge pela primeira vez o enorme catwalk do tecto, que permite a Madonna cantar realmente por cima das cabeças dos seus fãs.

A parte militar continua com uma espécie de parada militar com “Express Yourself”. Vem de seguida uma parte rock do concerto com “Burning Up” e “Material Girl” (inicialmente prevista “Dress You Up” mas os atrasos com a adaptação de Madonna com os novos acordes, fizeram-na abandonar por falta de tempo este tema). Antes de desaparecer Madonna lança um “Stop a todas as guerras”. Surge o primeiro verdadeiro interlude, com o remix de” Hollywood”, já inspirado no tema circo, onde surgem breakdancers, skateboarders, e sempre fantástico dançarino Cloud Campos, oferecendo ao público uma prestação alucinante.



Inicia-se a parte “Circo-Cabaret” com “Hanky Panky”, destacando-se de seguida uma versão jazz de “Deeper and Deeper”, e uma versão influenciada pelos sons de tango de “Die Another Day” onde Madonna mostra os óptimos seus dotes de bailarina. Destaca-se de seguida um dos momentos mais polémicos do espectáculo: surge uma cadeira eléctrica em palco, onde Madonna irá interpretar “Lament” de Evita. Um momento curto, mas forte simbolicamente.


Cai o segundo interlude com um remix perfeito de “Bedtime Stories”, conjugando com várias actuações de trapezistas durante este interlude.
A quarta parte, acústica apresenta-se mais calma, espiritual, sentimental. Madonna abre-se com o seu público e interpreta temas mais próximos da Rainha: “Nothing Fails”, “Dont Tell Me”, “Like a Prayer” (um dos momentos alto do show). Madonna, sempre influenciada pela polémica da guerra, interpreta “Imagine”; música que pretende reunir toda a sala num momento de pensamento, paz. Nos ecrãs vão surgindo imagens de aldeias destruídas, crianças mortas, feridas, Bush e Saddam.


A última parte surge, com o aparecimento dos típicos tocadores de gaita-de-foles da Escócia, que fazem desta forma uma introdução à próximo música: “Into the Groove” (versão GHV); segue “Papa Don´t Preach”, e uma parte mais sentimental onde Madonna fala directamente para o seu público de sempre com “Crazy For You”, emposando a bem famosa t-shirt com as conhecidas frases - Italians Do It Better, Brits Do It Better, Kabbalist Do It Better. Segue-se a sempre mexida “Music” cantanda em coro pelo público, acabando finalmente com uma mexida versão de “Holiday”, surgindo nos ecrãs centenas de bandeiras de todo o mundo; o show acaba em festa, com milhares de confetis, as bandeiras da Palestina e Israel lado a lado nos ecrãs.
No final, a mensagem “Reinvent Yourself” aparece nos ecrãs centrais que já escondem o palco todo.


Bloco Marie-Antoinette
1. The Beast Within (Video/ Introdução)
2. Vogue
3. Nobody Knows Me
4. Frozen
Bloco Militar/ Guerra
5. American Life
6. Express Yourself
7. Burning Up
8. Material Girl
9. Hollywood (Remix - Bailarinos/Video Interlude)
Bloco Circo / Cabaret
10. Hanky Panky
11. Deeper and Deeper
12. Die Another Day
13. Lament
14. Bedtime Story (Remix - Video Interlude)
Bloco Acústico
15. Nothing Fails
16. Don't Tell Me
17. Like a Prayer
18. Mother and Father
19. Imagine
Bloco Scottish - Tribal
20. Into the Groove (c/ elementos de Into the Hollywood Groove)
21. Papa Don't Preach
22. Crazy for You
23. Music (c/ elementos de Into the Groove)
24. Holiday



Vestuário
Com um estilo de roupa mais ousado do que no Drowned World Tour, Madonna adapta-se a todas as partes do show usando várias indumentárias. O estilo Marie Antoinette com corpete e calções que abre a primeira parte do show é a que se destaca mais pela originalidade e bom gosto, está é até uma das vestimentas preferidas pelos fãs de M, uma espécie de marca da ReInvention. Para a parte Militar como seria de esperar M aparece de farda verde e boina, à semelhança de um verdadeiro militar. A parte Cabaret – Circo, deixa aparecer uma M mais sexy, usando estilos e cores de roupa em acordo com o ambiente cabaret/ circo. A parte acústica, mais calma deixa transparecer um estilo mais sóbrio, clássico, um estilo francês. A última parte mais movimentada, dinâmica e scottish, faz com que Madonna apareça de kilt, e uma simples t-shirt. Roupa prática e simples, útil para tanta dança.



Curiosidades e Polémicas
O Re-Invention Tour, regressa aos Tours polémicos de Madonna, sibretudo devido à sua postura perante a guerra do Iraque. A sua encenação de American Life não caiu bem no seio dos mais conservadores, assim como a utilização da cadeira eléctrica foi considerada chocantes por outros. Considerada demasiado política e anti-patriota Madonna fez correr muita tinta (para variar) sobre o seu show. Destacam-se ainda na parte final, o uso das bandeiras Israelitas e Palestinianas como alvo de alguns comentários menos simpáticos.
Apesar de tudo, o show recebe óptimas críticas das mais variadas personalidades e revistas internacionais. Até agora, a Re-Invention é a maior tour de Madonna passando por 20 cidades. A tournée foi assim vista por cerca de 900.000 pessoas, com todos os concertos sold out, batendo recordes de venda, Madonna consegue arrecadar com esta Tour cerca de 125.000.000$00.


Registo DVD
Como todos sabem, o concerto de Lisboa foram filmados com objectivo de saírem posteriormente como registo oficial DVD. Infelizmente, e até hoje, o DVD do concerto ainda não saiu, apoiando na teoria de que algum material gravado se estivesse estragado ou não estaria nas melhores condições para ser lançado para o mercado. No entanto, já este ano Guy Oseary afirmou que de facto existia gravação do show, e que esta ainda não tinha data prevista de lançamento.

Entretanto foi lançado o documentário “Im Gonna to Tell You a Secret”, que retrata os bastidores da tournée (um pouco à semelhança do Truth or Dare); onde são visíveis certas partes e canções (apesar de cortadas) interpretadas do show. Entretanto vazaram na net, certos vídeos com filmagens oficiais do suposto DVD de Lisboa.


A Re-Invention tour é como observado o regresso de Madonna aos verdadeiros espectáculos, sexy, polémicos, musicais: espectaculares próximos da perfeição. A concepção do show, irá influenciar os seus outros próximos tours - Confessions e Sticky. Madonna prova bem deste modo, que apesar do relativo fracasso do American Life, ela continua a ser a Rainha. Indestronável.

A próxima colunna fica reservada para a espectacular, e na minha modesta opinião uma das suas melhores tours de sempre: The Confessions Tour; conduzido pelo estrondoso sucesso do seu album "Confessions on a Dance Floor".

Fiquem por aí.
REINVENT YOURSELF!


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