Colunna : Confessions Tour (por André R. Costa)


Após o triunfo da Re-invention Tour, Madonna lança o fantástico Confessions on a Dance Floor; álbum que pôs o planeta a dançar sobre o single planetário “Hung Up”.
Depois de algumas declarações proferidas aquando de American LIfe, afirmando que Madonna estaria quase esquecida pelo mundo, Confessions on a Dance Floor vem mostrar exactamente o contrário.
Madonna continua ela própria: a rainha da pop. O álbum atingiu o número 1 em mais de 41 países simultaneamente; sendo o álbum mais vendido de 2006.
Madonna ganhou nesse ano o Grammy para melhor Album Dance/Electrónico.
Aproveitando toda a loucura e sucesso em volta de temas como Hung Up, Sorry, Get Together.. Madonna lança uma das maiores e melhores Tours de sempre: a Confessions Tour lançada a 21 de Maio de 2006 em Los Angeles. Primeiramente pensada para a ser uma pequena tour, intimista, esta seria no final de contas a maior tour de sempre de Madonna...

The Confessions Tour é um espectáculo como Madonna sabe fazer. Muita polémica (levada a extremos) sensualidade, tomadas de posição, luz, cor, dança, música.

A tournée baseada em grande parte nos temas do álbum Confessions Tour, aproveita também outros temas mais antigos, reformulando-os para o efeito. Madonna mais uma vez, adopta todos os meios mais tecnologicamente avançados, construindo para o efeito um cenário com um palco principal, três satélites, três catwalk, apoiados por 3 ecrãs gigantes e um circular (também ele gigante), assim como uma círculo giratório que permite as mudanças de cenários no palco principal; uma pista de obstáculos que surge do tecto durante “Jump”, uma bola de espelho gigante; uma cruz de espelhos gigante, entre outros! Como podem ver, a Confessions Tour é uma tournée e-n-o-r-m-e!


Madonna apresenta-se apesar da óptima forma, um pouco distante do seu público, não havendo tempo para grandes pausas, para conversa e interacções. No entanto, todo o cenário e espectacularidade do show fazem esquecer esta parte mais “fria” do espectáculo.

Datas
A Confessions Tour iniciou-se a 21 de Maio em Los Angeles, e acabou cinco meses depois a 21 de Setembro do mesmo ano no Japão. Madonna, desta vez não passa pelo nosso país, contudo passa por 8 países Europeus, assim como Estados Unidos, Canadá e Japão. Mais uma vez a América Latina e Austrália ficam esquecidas nesta tour. Foram ao todo sessenta espectáculos em treze países.

SetList/ Show

Como está referido mais acima, o show basea-se sobretudo nos temas do novo álbum, não descorando como será normal, as velhas e boas músicas da Rainha.
São ao todo 19 temas divididos em quatro partes essenciais: Bloco Equestre; Bloco Médio-Oriente; Bloco Rock/ Acústico e finalmente o Bloco Disco. Cada tema seu guarda-roupa e sua encenação.
O Show inicia-se com Madonna misteriosa, no meio de cavalos, convidando o público a abstrair-se do mundo normal para entrar e experimentar o seu mundo “a ela”. É usada a sessão fotográfica que Madonna tinha feito mais cedo para a revista W.

O início deixa assim prever desde logo que se prepara um grande show. Desce do tecto uma bola de espelhos gigante, pousando no fim do catwalk principal, abrindo-se pouco tempo depois, deixando aparecer dentro dela uma Madonna dominadora - retratando o vídeo inicial, onde Madonna é “domadora” de cavalos”. Aqui, Madonna introduz o primeiro aspecto sexual: a subjugação dos homens às mulheres.

Segue o fantástico “Get Together”, e de seguida o famoso (e com óptimo arranjo musical) “Like a Virigin”, onde Madonna usa uma espécie de selim de cavalo para replicar movimentos sexuais, e sensuais. Acompanha como backdrop certas radiografias da queda de cavalo que Madonna tinha sofrido tempos antes. “Jump” segue-se, surge do tecto uma pista de obstáculo que permite aos bailarinos realizar figuras fantásticas inspiradas do movimento “parcours” (já visível do videoclip do single.

Cai o primeiro interlude: “Confessions”, onde surgem 3 bailarinos encarnando 3 histórias diferentes – mostrando a sua confissão ao público. Este interlude segue de rampa de lançamento ao momento mais polémico de todo o show: “Live to Tell”
Inicia-se um bloco mais forte, em termos de críticas, polémicas, pensamentos, expressão.

Madonna surge numa cruz, representando Jesus crucificado, usando uma imitação de uma coroa de espinhos. Sob ela vai aparecendo um cronometro gigante que contabiliza as crianças mortas em África devido à SIDA. Madonna critica deste modo a posição da Igreja face à epidemia em África. A canção termina com Madonna descendo da cruz, aparecendo nos ecrãs mensagens da Bíblia, misturadas com chamas e imagens de crianças africanas. Um momento forte, espiritual que choca. De seguida inicia-se o tema “Forbidden Love”, onde Madonna usa mais uma vez a religião e o conflito Israelo-Palestino – incarnado por dois bailarinos (um palestiniano com o crescente desenhado no corpo, e outro judeu com a estrela de David). Madonna usa assim a metáfora da canção, transportando-a para o “amor impossível mas desejável” entre Israel e Palestina.

O Bloco do Médio-Oriente segue com “Isaac”, onde uma bailarina incarna uma mulher sem direitos, usando burca. Madonna critica assim a falta de liberdade e de democracia dos países desta região do globo. Encenação perfeita. O Bloco segue com “Sorry”, e uma “quase” adaptação de partes do videoclip para a cena. A sexy “Like It Or Not” fecha a segunda parte do show.

Cai o interlude também ele muito polémico: Sorry.
Madonna aparece sensual, sexy, criticando os líderes mundiais, apontando o dedo entre outros a ditadores, líderes fundamentalistas; e sobretudo W. Bush. Durante o interlude aparecem imagens de destruição; fome, guerra, mortes.

Inicia a Parte Rock/Acústica
“I Love New York” inicia – Madonna com guitarra eléctrica expressa a admiração pela cidade que nunca dorme. Para ela NY não um sítio mas sim uma maneira de pensar. Segue o fantástico “Ray of Light”, um dos melhores arranjos musicais do show, adicionanda a essa uma coreografia perfeita. A performance louca de “Let it Will Be” segue-se. A parte acústica aparece com “Drowned World/Substitue for Love”; enquanto recupera o folgo de Let it Will Be, Madonna aproveita para falar e brincar q.b. com o seu público, fazendo-o gritar em quase todas as cidades “We Are One; No More War, e até F*ck George Bush”. Tirando este momento de diálogo mais directo com a audiência Madonna não tornará a falar mais com o seu público (excepto com “Hung Up”) até ao fim do concerto. Uma espectacular versão acústica de “Paradise (not for me)”, com Madonna à guitarra e com a participação de Isaac, fecha esta parte.

Surge a parte dançante do Show.
Os bailarinos tomam o palco em patins (à la anos 80) para introduzirem a chamada “Music Inferno”. Uma original mistura de “Music” com "Disco Inferno". Madonna surge vestida a “John Travolta”, inspirada do filme “A febre de Sábado à noite”. Surge mais um fantástico momento cénico e musical com “Erotica/You Thrill Me”, um momento electrizante, perfeito com coreografia fantástica.

A Dance regressa com um original lifting de La Isla Bonita que põe toda a plateia a dançar; segue “Lucky Star” totalmente transformada em versão Disco. Para o efeito Madonna coloca sob o ombros uma campa reluzante one se pode ler “Dancing Queen”. Chega a derradeira música, “Hung Up”, um mini interlude segue, onde os bailarinos tomam toda a sala fazendo “parcours”.

Madonna aparece quase como no videoclip, com a bem conhecida coreografia. No final, Madonna pede ao público para cantar com ela o famoso “Time Goes By, so Slowly”; o tempo urge, Madonna regressa ao palco principal, caem dezenas de balões do tecto, o ecrã circular gigante começa a descer lentamente projectando relógios loucos.
O Show acaba.

Surge projectada no ecrã circular a pergunta “Have You Confessed?”
Um grande final para um grande show, sem dúvida.


Bloco Equestre
1-Future Lovers/ I Feel Love
2- Get Together
3- Like A Virgin
4- Jump

Interlude: Confessions

Bloco Médio-Oriente
5- Live To Tell
6- Forbidden Love
7- Isaac
8- Sorry
9- Like It Or Not

Interlude: Sorry Remix

Bloco Rock/ Acústico
10- I Love New York
11- Ray Of Light
12- Let It Will Be
13- Drowned World/ Substitute for Love
14- Paradise (not for me)

Introdução a Music Inferno
Bloco Dance
15- Music Inferno
16- Erotica/ You Thrill Me
17- La Isla Bonita
18- Lucky Star
19- Hung Up

Vestuário:
Todo o vestuário fora criada por Jean Paul-Gaultier. Na primeira parte como vimos,Madonna adopta um estilo dominadora usando mesmo um chicote. Na parte Médio Oriente, Madonna surge vestida de forma simples, de acordo com as cores desta zona do globo: castanho/laranja… Na parte Rock, Madonna adopta mais uma vez um estilo mais forte, usando casaco bem rockeiro, acabando por ficar sem ele para a parte acústica. A parte Disco surge inspirada pela “Febre de Sábado à Noite”, e por um guarda-roupa inspirado num conjunto já usado pelos ABBA nos anos 70. Madonna acaba o show no seu habitual body rosa do clip “Hung Up”.

Curiosidades e polémicas
A crucificação é sem dúvida a parte mais polémica de todo o show, fazendo com que os meios mais conservadores protestassem activamente contra a realização dos shows. A Bom exemplo disso, foram as fortes manifestações ocorridas aquando dos concertos de M em Roma, Alemanha e Moscovo.A própria igreja condenou a crucificação. Madonna, já com o seu jeito conhecido, convida o Papa a assistir a um show. Os manifestantes acusavam-na de denegrir a imagem de Cristo, de blasfemiar toda a igreja católica. No entanto, e como já nos vem habituando, toda esta polémica acabou por alimentar mais favoralmente a imagem de Madonna. Nos EUA já, o vídeo “Sorry” com a presença de W. Bush acabou por causar mais polémica junto da população. Como vêem , Madonna pensa em tudo; cada continente tem direito a uma polémica mais ou menos direccionada ;).

No Japão Madonna usou durante a parte Rock e Dance a peruca do videoclip Jump (aproeveitando as fiilmagens do clip em terras nipónicas). Os próprios bailarinos apareceram com máscaras de power rangers em “Ray of Light”:
Em Paris Madonna contou com a participação do seu amigo Lenny Kravitz em “I Love NYork”.
A bola de espelhos pesa cerca de 1 tonelada, estando incrustados nesta 2 milhões de dólares de cristais.
Confessions Tour foi a maior tournée de 2006, a maior de Madonna até então, e a maior feita por uma artisita feminina até então. Madonna arrecada nada mais, nada menos que 194.3 milhões de dólares, tendo sido assistida por cerca de 1,3 milhões de espectadores.

Registo DVD
Como todos sabem e ao contrário da Re-invention, a “Confessions Tour” teve registo DVD, e CD (sabendo que só parte do show ao vivo está presente neste CD). Muitos fãs criticaram a edição demasiado exagerada do concerto, abafando demasiado a presença do público.



Como já adivinharam a última colunna sobre tours acaba com a gigantesca Sticky and Sweet Tour, que passou por Portugal a 14 de Setembro de 2008.

Até là, um bom Natal a todos e um óptimo 2010!

André R. Costa